Por Marcelo Forlani
Do site Omelete
Há cinco anos, em 2008, os fãs de quadrinhos viam nos cinemas o início do Universo Marvel nos cinemas com a estreia de Homem de Ferro. O filme trazia uma história equilibrada entre a ação criada pelos computadores da ILM e o humor perspicaz que se encaixava perfeitamente ao estilo badboy de um ator cujo talento só podia ser comparado à sua incapacidade alguns anos atrás de se manter longe das confusões, Robert Downey Jr..
O sucesso foi instantâneo e nos anos que se seguiram, o ator aumentou não só o número de sócios no seu fã-clube como o de projetos, incluindo aí uma nova franquia, Sherlock Holmes. Mas o que o público queria mesmo ver era mais Tony Stark, e vieram Homem de Ferro 2 e Os Vingadores - The Avengers, quando Downey Jr. deixou o papel de líder militar nas mãos do Capitão America, mas era o maior nome nos créditos e no contracheque, que veio assinado no valor de 50 milhões de dólares.
Passado um ano do estouro de bilheteria do supergrupo, o Homem de Ferro volta agora às telas reformulado, sem a presença de Jon Favreau na cadeira de diretor, agora ocupada por Shane Black - roteirista da série Máquina Mortífera e que só tinha comandado o divertido Beijos e Tiros, também com o astro. No novo filme, os dias ao lado dos Vingadores impactam na vida do playboy filantropo, que passa as noites trabalhando no porão, criando novas tecnologias e armaduras, e ganha agora uma fragilidade psicológica, que se materializa no formato de ataques de ansiedade.
Enquanto isso, um terrorista conhecido como Mandarim (Ben Kingsley - ótimo!) atormenta o mundo com explosões nos mais diversos pontos do globo e ameaças feitas a partir de um sinal que invade todas as televisões ligadas. Em um destes atentados, o segurança pessoal de Stark, Happy Hogan (Favreau), é atingido, o que gera uma interessante cena à la CSI e a fúria de Tony, que desafia o vilão para um duelo em sua própria casa.
Como já foi visto no trailer, a mansão de Malibu é destruída por helicópteros e mísseis, o estopim para toda a aventura do herói desarmado, atormentado e em busca de motivação para continuar lutando.
Mais humano
A entrada de Shane Black na direção e também no roteiro trouxe uma nova dinâmica para o filme. Desta vez você verá muito mais Tony Stark na tela do que armaduras voando e atirando. O resultado é um filme bem diferente dos anteriores, que busca humanizar mais o personagem, principalmente depois de tudo o que ele passou em Nova York, quando enfrentou seres alienígenas ao lado de um supersoldado, um deus, uma espiã russa, um arqueiro e um Hulk - e se jogou dentro de um "buraco de minhoca".
E não é só Stark que ganha mais tempo de tela. Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) finalmente deixa de ser apenas um rostinho bonito e ganha importância real no desenvolvimento da história, para a infelicidade dos fãs de James Rhodes / Patriota de Ferro (Don Cheadle), que aparece menos.
O que se vê na tela, no entanto é uma trama mais fantástica do que nos dois filmes solo anteriores, que eram mais tecnológicos. Apesar de darem toda uma explicação científica aos vilões, ao incluir na história elementos da saga Extremis e a presença dos doutores Aldrich Killian (Guy Pearce) e Maya Hansen (Rebecca Haal), ver vilões que cospem fogo não era o tipo de coisa comum até então.
Mais político
Outra novidade deste terceiro filme é o aspecto político, que antes se limitava apenas a um pano de fundo, mostrando líderes belicistas do Oriente Médio. O Mandarim chega para botar o dedo e seus dez anéis nas feridas e mostrar o mal que os Estados Unidos fazem para o mundo. Com seus discursos, todos muito bem ensaiados e planejados, ele aponta para a raiz do ódio que levou a atentados como o 11 de Setembro e, provavelmente, até mesmo às recentes bombas em Boston.
Fala também do descaso com vazamentos de petróleo, criação de lobbies e conchavos visando favorecer apenas alguns grupos ou indivíduos, e como tudo isso vai levar o país a continuar sofrendo nas mãos de Bin Ladens e Mandarins.
O mesmo ritmo alucinante no humor e cenas de ação
Tudo isso, porém, é feito de uma forma leve e acessível para quem quer apenas entrar no cinema e comer sua pipoca - afinal, estamos em um filme da Marvel, não em Syriana. E, não se preocupe, Tony continua engraçado. Aliás, seu humor está mais afiado do que nunca e ele encontra no meio do gelado estado do Tennesee um bom complemento ao seu estilo peculiar de lidar com as pessoas ao seu redor.
Na terra ou no ar, a ação continua sendo outro trunfo da série. Desta vez sobra espaço até mesmo para Tony atacar de James Bond e invadir a casa do vilão de forma sorrateira, pulando muros e nocauteando sem fazer barulho, bem ao contrário do tom espalhafatoso e barulhento de suas armaduras.
Mas é nas cenas de luta e batalhas aéreas que a mágica da computação gráfica mais uma vez aparece e deixa sorrisos nos rostos dos fanboys. Com a nova tecnologia, que permite controlar remotamente suas inúmeras Marks, Tony e Jarvis criam um exército de Homens de Ferro e fazem ótimo uso deste arsenal. O clímax é empolgante e as cenas de ação dissiparão todos os furos de roteiro encontrados no meio do caminho - e são mais furos do que a Mark 42 recebeu ao longo da jornada, acredite.
P.S. O 3D (convertido) é legal, mas não obrigatório.
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